ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

VALSANDO



Antes era escuridão...
E de repente estávamos dançando
rodopiando pela vida como num grande salão.
Sob os olhares da ribalta,
aplausos para o amor em alta.
Felizes são os corações que ao amor exalta.
Naqueles melódicos momentos
éramos nós mesmos os instrumentos
afinados pelo mais mágico diapasão.
Ao som do bandolim e da flauta
éramos par e ao mesmo tempo um
felizes são os corações que ao amor exalta,
pois não veem o mundo como um mero lugar comum.
Não sei se era a canção que nos embalava
ou se éramos nós que embalávamos a canção,
como não sei se era eu quem lhe levava
ou se era você quem me levava,
só sei que a gente bailava.
Era tudo uma grande profusão...
de luzes, de cores, de perfumes, sabores...
e de romance.
A vida sempre dá uma chance
para quem dá chance à vida.
Da escuridão da solidão sofrida às luzes da ribalta.
Felizes são os corações que ao amor exalta
porque para esses, a dança nunca termina,
amor de verdade, sozinho se afina.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

TODO MUNDO QUER SER FREUD



Intelectual ou debiloide,
todo mundo quer ser Freud.
Todo mundo tem a resposta,
mas eu não vivo de perguntas;
tudo o que meu coração gosta
é que as pessoas vivam juntas.

E tome frases de efeito.
Prefiro as que saem do meu peito,
pois delas, conheço a real causa causa e o efeito.
Meu coração não é parachoque de caminhão.

Alienado, alenígena ou androide
zumbi ou humanoide,
todo mundo pensa que é Freud.
Sei que meu coração frágil e sensível
às vezes se ofende, mas não se rende
à essa Torre de Babel invísivel
que leva a lugar nenhum.
Nesse elevador não quero ser mais um,
prefiro ser chamado de moloide,
porque eu não quero ser Freud.

Olho para os lados e vejo pobres Freuds,
meras caixas de ressonância da ignorância.
Nas cabeças desses intelectuoides,
o Id e o Ego travam uma verdadeira guerra.
e quanto mais se explica
mais se complica esse planeta Terra
que para mim não passa de um pequeno asteroide.
Eu vivo e deixo viver,
deixo o mundo acontecer
porque não tenho tempo pra ser Freud.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

“UM PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS”.


( Imagem dicasgrátisnanet.blogspot.com - google )

Essa é uma das frases mais bonitas e inteligentes que já vi. Quem acompanha meu blog sabe que gosto de contar meus casos, já brinquei de fazer novelas, gosto de criar lendas, sempre tentando inserir um toque mágico até mesmo nos meus contos reais, e tudo isso teve a grande influência de Monteiro Lobato, o escritor mais voltado para a educação infantil no Brasil. Quando estou escrevendo esses textos sempre me lembro dele, até me sinto o próprio, não com a pretensão de ser igual, mas numa forma de homenagem mesmo. Dona Jandira professora da 3ª série, gostava de colocar frases bonitas no alto do quadro, e essa era uma de suas prediletas. E minha também, eu lia essa frase e sentia a grandiosidade dela, mesmo eu sendo tão pequeno. Por causa de Monteiro Lobato tomei gosto pela leitura, torcia para que chegasse logo a aula de língua portuguesa porque sabia que tinha fábulas e estorinhas, eu adorava fazer interpretação de texto, e principalmente no final das fábulas, a moral da estória, que era sempre um grande ensinamento de vida. Ah... eu viajava! Entrava dentro da estória, sentia-me o próprio personagem. Como o mundo da leitura é mágico! Monteiro Lobato era mágico. Sua obra principal entre tantas, “O Sítio do PicaPau Amarelo, é uma das coisas mais lindas e inteligentes do mundo, de todos os tempos. Colocar pessoas, personagens do folclore brasileiro e até mitologia, convivendo num só plano, com tanta intimidade, conversando entre si, é para gênio que sabe prender e aguçar a imaginação infantil. No meio de todo o encanto, de toda a magia, de toda a lenda, tinha a doce figura de Dona Benta. Toda criança adora uma vovó. Uma boneca de pano que fala. Um sabugo de milho intelectual. E uma simpática cozinheira chamada Nastácia. E um menino aventureiro chamado Pedrinho. Bem que podia ser eu, é melhor a pureza do sonho que a dureza da realidade. Claro que não era só Monteiro Lobato que escrevia fábulas, mas eu sentia orgulho por ele ser brasileiro, um homem tão importante preocupado com o país e com as crianças, entre elas, eu. Eu achava isso bonito e me sentia até certo ponto protegido por suas frases, como a que deu título a esse texto, e outras como: “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. “Assim como é de cedo que se torce o pepino, também é trabalhando a criança que se consegue boa safra de adultos”. Por causa de Monteiro Lobato aprendi a respeitar nossa língua. Penso que a língua de um país precisa ser respeitada ao nível de seu próprio hino e de sua própria bandeira. Eu sou um patriota, muito além do futebol e da fórmula 1, patriota culturalmente, de tradição, de costumes, de história, e até isso é por causa de Monteiro Lobato que também era patriota, que nacionalizou a literatura infanto-juvenil. Fundador da primeira editora brasileira, aflorou nosso folclore, para tirar um pouco do foco que era só em publicações estrangeiras, mas sempre respeitando outros gênios como Walt Disney, ele só queria mostrar ao mundo que o Brasil também sabia fazer. E mostrou. Está entre os maiores autores de literatura infanto-juvenil do mundo. Estou emocionado escrevendo esse texto. A nota triste é que Monteiro Lobato não é muito citado nem pela mídia, nem mesmo no meio literário, e não gozava de muita simpatia do governo. Será que é por causa dessa frase?... “UM PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS”. Eu ainda acredito nessa frase, embora pareça que no Brasil, a cultura tenha virado lenda.

sábado, 9 de junho de 2012

EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA


Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua
(Sérgio Sampaio)

Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou

Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar pra dar e vender

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar pra dar e vender

Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos nisso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero todo mundo nesse carnaval...
Eu quero é botar meu bloco na rua

Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar pra dar e vender

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar pra dar e vender

Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou

Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar pra dar e vender

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar pra dar e vender


http://www.vagalume.com.br/sergio-sampaio/eu-quero-e-botar-meu-bloco-na-rua.html#ixzz1xKBKQe1a

terça-feira, 5 de junho de 2012

SONHOS E PICOLÉS



Estava esperando o carro do trabalho, vinham dois meninos juntos, cada um com um tabuleiro. Perguntei. “Estão vendendo o quê?”. O maior respondeu. “Sonhos”. Fiz uma brincadeira, mas ele não entendeu. “Sonho a gente não vende, a gente dá de graça”. Retrucou logo. “Ah, de graça? Tá doido? Eu tenho que vender, vivo disso”. Ri e pedi um, estava até gostoso. Virei pro outro. “E você, está vendendo o quê?”. Mais tímido, disse. “Sonho também”. Estranhei. “Ah, um está ajudando o outro e depois dividem o dinheiro?”. “Não, cada um vende o seu”, respondeu o maior. Aconselhei. “Vocês não podem andar juntos, um atrapalha o outro, enquanto isso tem gente em outro bairro querendo comprar sonhos, e vocês aqui, concorrendo um com o outro”. Para ajudar comprei um do menino menor também. Foram embora discutindo minha sugestão, parece que gostaram. Acabei me lembrando de quando Marcelo e eu, fomos vender picolé, mas em parceria, um carregava a caixa e outro gritava. “Olhaêêê o sorveeeteeee”. Um dia o sol estava rachando mamona, e eu tive uma idéia malandrinha. “Minha voz é mais forte que a sua, grito melhor. Eu grito, você carrega”. No princípio ele topou, até porque eu fazia rimas anunciando o sorvete pelas ruas, e isso fazia vender muito. “Ô seu José. Meu sorvete é gostoso, tenha fé”. “Alô Dona Maria, vai um sorvetinho aí pra refrescar o dia?”. Mas com o sol de lascar, caixa super pesada, ele foi desconfiando. “Ah não, Carlos. Esse troço está pesado, e você só aí na boa. Carrego mais não”.Tentei argumentar, de nada adiantou, discutimos feio. “Pois por mim essa caixa fica aí no chão, eu não pego”. “Nem eu”. Saímos um pra cada lado deixando a caixa na calçada. Andei bem uns dois quarteirões, sentei numa esquina, e a consciência e o medo falaram mais alto. “Puxa vida! Se alguém rouba aquela caixa, estamos fritos. O moço da sorveteria tem nosso endereço, vai cobrar de nossos pais, os picolés e a caixa. Além do mais, ele está certo, não pode só ele carregar. Vou voltar lá, pegar a caixa, vendo tudo, depois dou a parte dele”. Quando cheguei perto, Marcelo já estava com a caixa na mão. Perguntei. “Aonde você vai com essa caixa?”. Ele. “Vender picolé, ora”. Falei pegando a caixa de seu ombro. “Eu também vim vender. Eu pensei melhor... eu vou carregar também, assim cansamos por igual”. Vi que ele ficou feliz por eu voltar. “Vamos fazer assim. Eu sei que você grita melhor, a gente vende mais quando você grita. Eu carrego maior parte do tempo, mas quando eu cansar, você carrega só um pouquinho , só até eu ficar menos cansado”. “Combinado... mas vê se faz umas rimas pra alegrar o povo”. Mas pra rima ele não tinha jeito, nem mesmo usando as minhas. Assim sem mais nem menos, a parceria acabou, não vendemos mais picolés juntos. Mas a amizade não. Jogávamos bola juntos todos os dias... e sempre no mesmo time. Na hora de escolher os times, meu nome era o primeiro chamado por ele. “Carlos, vem pra cá”