ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

CURVAS PERIGOSAS


Nem sei pra quê contar isso. Mas é engraçado. Pronto, sendo engraçado já é um motivo para publicar. Este blog está muito sério ultimamente. Eu e mais três amigos, Salvador, Walter, e Jaiminho, sendo dos quatro maior de idade só Salvador, resolvemos comprar um carro velho. Tínhamos entre 15 e 17 anos. Todos trabalhavam em pequenos empregos: bares, lava-jatos, oficina mecânica. Eu, numa oficina de usinagem. Um dia, chega Salvador dando notícia de que um freguês da oficina onde trabalhava, estava vendendo um Maverick,74. E propôs. “A gente podia comprar, fica indo a pé pro clube,volta de madrugada pra trabalhar no outro dia. Fora as meninas que vão cair em cima de nós”. Nem tanto, mas que agitávamos no bairro, isso sim. Eu gostava mais de ir a pé, convencia os amigos de que era mais divertido. Quando íamos de ônibus eu sentava atrás no ônibus e ia cantando. As pessoas gostavam. Quando eu não ia o motorista perguntava. “O cantor não veio hoje por quê?”. As meninas de lá gostavam de nós, diziam que éramos divertidos, que os rapazes de lá, eram bobões. Isso até dava umas confusões. Vez em quando a gente não podia ir, pois preparavam briga. O legal é que as meninas ligavam pra gente avisando. “Vem hoje não que eles querem brigar”. Resumindo, compramos o carro. Hoje concordo que foi grande irresponsabilidade, mas vai dizer isso na época. Gastei o pouco que tinha, além de pedir patrão para adiantar dinheiro das férias. O carro estava razoável. Alguns amassados, arranhados, uns podres embaixo da porta que nem apareciam muito por causa da cor preta. A maçaneta do vidro do motorista dura pra danar, poltronas meio acabadas, mas funcionava até bem. Era possante e poçante. Onde parava deixava uma poça de óleo. Também por aquele preço, não dava para comprar uma BMW. Salvador, por trabalhar em oficina já sabia dirigir, eu não sabia nem o que era câmbio. Todos sabiam um pouco, menos eu. Com muita dificuldade e riscos me ensinaram aos poucos. Subia no meio-fio, tirava as velhas da calçada. Tinha um senhor que gostava de ficar debaixo da árvore de sua casa, não ficou mais. Na época não tinha tanta fiscalização. Alguns mais velhos diziam: “Esse carro ainda vai dar problema”. Incrível como os mais velhos acertam. Andávamos pelo bairro dia todo nos finais de semana, sempre devagar, não só pelo risco, como também para curtir. Eu falava pro Salvador. “Se gente passar correndo, as meninas não veem a gente, não tem graça”. E o Marcelo. “Gostei. Falou a voz da experiência”. Para o clube, só Salvador dirigia, pois pegava um pouco da BR e era mais experiente, apesar de não habilitado. Eu gostava de fazer tipo. Cabelo grande, óculos John Lennon, bracinho do lado de fora e um sonzinho velho tocando I WANT TO BREAK FREE, do QUEEN. Fazia umas caras de mau olhando de lado.O carro cheio de homem. É que ninguém saía do carro. Tinha uma menina chamada Rosângela, que acho que me dava bola, não parava de rir quando me via. Eu era doidinho pra chegar nela e agora de “carrão”, eu ia arrasar. Numa dessas voltas, pensei em “passar na rua dela”. Quando virava a esquina, quem estava lá? Rosângela. Num bustiê pretinho, com aquele shortinho vermelho apertadíssimo, coxas quase negras com pelinhos pintados de água oxigenada. Que visual! E ela ainda dá um tiauzinho. “Ei, Carlos. Quero dar uma voltinha, hein?”. Fiquei olhando pra ela de boca aberta e não fiz a curva na esquina... e derrubei o muro de uma senhora, quase entrando na sua cozinha. Ela servia almoço, cozinhava numa varanda no quintal e a panelada foi quase toda pro chão. Quase morreu de susto. Quase mesmo, tinha pressão alta, diabete e tudo mais. Eu fiquei meio em choque. Walter, com uma tampa de panela abanava a mulher no sofá. Jaiminho, que não ligava com nada aproveitava e comia uns pedaços de frango. Salvador acalmava os parentes. Para evitar problemas com polícia, concordamos logo em pagar. Tivemos que vender o carro para o próprio dono da oficina onde Salvador trabalhava, muito mais barato do que compramos, mas deu para pagar o muro. A sorte maior é que o cara tinha dinheiro e pagou à vista, para ajudar a gente e abafar logo o caso. Felizmente ninguém se machucou. Eu fiquei como culpado. “Culpa desse Carlos, metido a conquistador barato Esse John Lennon fajuto”. Passados uns vinte dias vemos o Maverick rodando de novo. O dono da oficina consertou e passou pra frente. Pena. Só oito meses de curtição. Salvador, vendo o carro passando do outro lado da rua, não se conformava. “Eu te mato, Carlos. Agora a gente tem ir a pé ou de ônibus pro clube”. Brinquei. “Preocupe com isso não. Eu posso ir cantando John Lennon pra vocês”, e cantarolei., “..imagine there’s no heaven”. “Pois é”, respondeu rindo, “essa é a pior parte”.

Salvador, infelizmente não está bem de saúde. Walter, mora em Coronel Fabriciano, não vi mais. Jaiminho, vejo quando visito sua mãe quando coincide de ele estar lá. Marcelo mora na Austrália e me liga de vez em quando.

sábado, 28 de novembro de 2009

SEMANA DA REFLEXÃO- O PROFETA DO NOVO


( imagem blogcancaonova.com )
Esse menino está muito religioso esses dias. Acho que vai pro céu.
Não sou muito bom de citar versículos exatamente, onde ficam, quais páginas ou parte da Bíblia. Leio e pronto e acho que isso é o bastante, que a leitura entre na gente. No Antigo Testamento, as profecias dizem que “O Messias não virá para mudar as leis, mas para fazer cumpri-las”. Pensando bem, de certa forma Cristo mudou sim as coisas. Claro, nunca disse, “não cumpra essa ou aquela lei”. Ele mudou foi a maneira das pessoas verem as coisas, sob um novo olhar. Um olhar que não permite a hipocrisia. Cristo além de tudo era um Homem muito inteligente e usava sempre a psicologia embutida em suas parábolas para tocar as pessoas. Vou citar só algumas para não alongar muito. Os doutores da lei e os soldados, tentando uma forma de prendê-lo como subversivo, pressionando-o, mostraram uma moeda com o rosto de César e perguntaram. “É justo pagar impostos?”. Ele respondeu com outra pergunta. “De quem é o rosto na moeda?”. Responderam. “De César”. E Ele. “Então a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Ele simplesmente desarmava os hipócritas com tiradas e palavras inteligentes. Uma das passagens mais fortes da Bíblia é de Maria Madalena, que seria apedrejada conforme as leis de Moisés por praticar adultério. Sim, era lei apedrejar até a morte, pecados como adultério. Cristo perguntou. “O que fez essa mulher?”. Os hipócritas e os abutres de plantão responderam quase em coro. “Ela é adúltera, Senhor e conforme Moisés merece apedrejamento”. Cristo em nenhum momento disse “não façam isso”, ou “a lei está ultrapassada, Moisés estava errado”. Pelo contrário, Jesus tinha maior respeito para com o grande patriarca bíblico, homem de confiança de Deus. Elo entre Deus e os homens.
Apenas tocou na hipocrisia de cada um, dizendo, calmamente, desenhando com o dedo na areia. “Aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra”. Um a um, foram saindo de fininho, nos termos de hoje, com o rabo entre as pernas, porque sabiam que eram cínicos, piores do que quem julgavam. Não havia um sequer com moral para atirar a primeira pedra. Jesus levantou o rosto e perguntou à mulher. “Onde estão os que te acusavam?”.
Vivo repetindo. Como a Bíblia é atual! Quanta gente pratica “apedrejamento” hoje em dia, faz pré-julgamentos, massacra quem não tem defesa. Felizmente para Maria Madalena, ela teve o maior defensor.

Bem amigos, encerrei a semana de reflexão. Que bom que muita gente veio comigo. Um abraço a todos e ótimo final de semana

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SEMANA DA REFLEXÃO- EM NOME DOS JUSTOS


( imagem 3bp.blogspot.com)
Como eu disse à amiga Ná(Pensamentos da Ná),que escreve muito bem, essa postagem combina muito com a dela de ontem, quando pergunta se Deus tem culpa no que anda acontecendo com o mundo. Bem, essa não é uma resposta à pergunta que ela fez, mas é um bom paralelo. E eu gosto dessas coincidências de texto.
/////

Não sou teólogo, mas sou teórico. Leio a Bíblia de forma aleatória, abro qualquer página porque sei que de qualquer uma delas posso tirar alguns exemplos. Como ela se mantém atual! Li uma dia desses, um pouco de Gênesis. Tendo Deus anunciado a destruição de Sodoma e Gomorra, Abraão, humildemente tentou interceder pelos justos. Não era possível, na visão dele, que não houvesse uma pessoa sequer que prestasse nas duas cidades. Perdindo perdão a Deus pela ousadia, ainda argumentou. “O Senhor matará juntos ímpios e justos? Bons e pecadores? O justo merecerá o mesmo tratamento que o mau? O senhor não pouparia as cidades, se porventura houver 50 pessoas boas? ”. Deus respondeu: “Se houver 50 pessoas boas, não destruirei as cidades”. Abraão insistiu. “Perdão, Senhor. E se houver apenas 45 pessoas boas, o Senhor poupará as cidades?”. Deus respondeu mais uma vez. “Garanto-te que se houver pelo menos 45 pessoas boas, não destruirei as cidades”. “Perdão por minha audácia, Senhor. E se houver apenas 20 pessoas?”. Deus respondeu no mesmo tom de garantia, que pouparia as cidades, ainda que fossem apenas 20 pessoas boas. E assim, Abraão, sempre pedindo perdão, foi fazendo uma contagem regressiva, tentando interceder pelos justos.... e Deus o atendendo.. Bem, o final todos sabem. As duas cidades arderam em fogo e enxofre. Sinal que não foi encontrado ninguém bom por lá. No caso da Arca de Noé, foi parecido. Deus ordenou que reunisse sua família e os animais e deixou o restante morrer afogado.
Vamos para os dias de hoje. Quando menino, ouvia os antigos dizerem, que na primeira vez a Terra arrasou em água e na segunda seria em fogo. Eu morria de medo quando ouvia, principalmente quando diziam: “1.000 chegará, 2.000 não passará”. Eu virava e revirava a Bíblia procurando esses dizeres e não achava. Minha mãe dizia. “Procura direito que está lá”. Bobagem pura, mas essa não é a questão. Sabemos também que se Deus quiser, ele acaba com tudo em minutos. Esse mundinho é muito frágil. Não preciso dizer que vivemos num mundo cruel, cada vez mais capitalista, egoísta e violento, com valores invertidos, crianças jogadas pela janela, o luxo e o lixo habitando a mesma esquina. Ninguém está aqui discutindo como será o apocalipse, como deve ser e se deve ter. Como disse, não sou um especialista, mas com direito a opinião. Humildemente como Abraaão, mas não com a moral dele perante o Criador, faço nos dias de hoje a pergunta meio invertida. Pelo que andamos fazendo, estamos merecendo esse planeta? E por que Deus não acaba com tudo? Deus não acaba com tudo porque existem... Gandhi, Madre Tereza, Chico Xavier, Irmã Dulce, Luther King, Zilda Arns, Chaplin e muitos outros. Só para citar esses conhecidos, mas sei que existem e conheço pessoas anônimas praticando boas ações. Felizmente. Enfim, pessoas que estiveram sempre acima das religiões e se preocuparam com o ser humano, com a fome, com a cultura e com a liberdade. Por causa dessas pessoas, eu acho que Deus anda poupando o mundo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SEMANA DA REFLEXÃO- PEDRAS E PALAVRAS


( imagem cavernadezion.files.wordpress.com)
O sujeito era o bambambam do bairro. Alto, musculoso, praticava esportes pesados. Lutava até alguma arte marcial. Andava com aquelas camisetas apertadas para mostrar o peito estufado. Contava umas piadas sem graça e ele mesmo ria antes de todos. Até aí tudo bem, não fosse seu estilo grosseiro, ameaçador, sempre bravo. Não tinha muitos amigos. Os poucos que tinha, eram por conveniência, tinham medo dele. Apesar de tantos predicados negativos, namorava uma menina linda. Loirinha, cabelos abaixo dos ombros, olhos azul piscina, além de muito simpática. Ninguém entendia o porquê de uma moça tão doce namorar aquele fanfarrão. Falastrão. Gosto e nariz cada um tem o seu. Mas um dia a menina começou a olhar para um outro rapaz. Magricela, cabeludo, sempre ensimesmado. Também não tinha muitos amigos. Não que fosse gente ruim, era por timidez mesmo. Gostava de música, cinema, artes em geral. Estava sempre com um livro na mão. Exatamente o contrário do outro. A moça foi se aproximando e se apaixonando. O problema seria contar ao troglodita. Qual seria sua reação? Violenta com certeza. Aconteceu que não foi preciso. O bairro todo percebia, pois ficavam horas se falando nas esquinas e mulher quando ama, não consegue mesmo esconder. E assim acabou chegando aos ouvidos do brigador e este começou a perseguir, hostilizar o rapaz, no bairro, no colégio, no futebol. Ele nunca respondia, apenas se afastava evitando o conflito. Só que um dia não teve jeito. A moça ainda segurando as pontas de seus dedos, ao se despedir, deu-lhe um beijo no rosto... e o tal namorado viu. Viu e chegou cuspindo fogo como um dragão, com punhos fechados para a briga. Rápidamente a rua se encheu. A menina pediu ao brutamontes para não brigar e ele respondeu. “Saia daqui, senão sobra até para você”. Entre nervosa e chocada com o que ouviu, afastou-se uns metros, chorando pedindo aos outros que separassem. Ninguém deu ouvidos. A rapaziada gostava de uma briga. O massacre ia começar. Era uma luta de Davi contra Golias. O pequeno Davi se afastou, avistou uma pedra enorme e pegou. Golias foi chegando perto. Mas Davi de propósito deixou a pedra cair no chão. E disse. “Se você quer me bater pode começar porque eu não sei brigar. Mas antes que me mate, tenho uma sugestão. Por que não pergunta primeiro à menina se ela te ama? Se ela disser que ama, prometo sair agora da vida dela. Mas se disser que não ama, você vai me matar e vai continuar sem ela. Porque além de não te amar, ela vai te odiar”. Trinta segundos de silêncio. Até mesmo na “platéia”. O grandalhão ficou perplexo, sem ação, olhando para ele de forma curiosa. O semblante de raiva foi dando lugar à vergonha. Foi abrindo os punhos. Baixou os olhos. Virou-se e foi embora. A menina foi correndo, abraçou o pescoço do novo namorado e disse. “É por isso que eu te amo”.
Nem sempre precisamos de pedras para derrotar alguns Golias. As palavras também têm um peso enorme.

BASEADA EM FATOS REAIS

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SEMANA DA REFLEXÃO- AS APARÊNCIAS ENGANAM?


( imagem www.espada.eti.br/images)
Tem uma fábula muito antiga, cujo autor não me lembro que é mais ou menos assim.
“Um ratinho, ávido por conhecer a rua, a vida, pede à mãe ratazana para dar umas voltas sozinho. Sabendo que o filho é tão pequeno e indefeso, ela libera, mas alerta para os perigos da rua recomendando muito cuidado. Coisas de mãe mesmo. Lá vai o ratinho feliz. Anda ali, anda acolá, vê um bichinho de pelo macio, dormindo preguiçosamente sobre um tapete. Tinha uma carinha muito boa. Ronronava tranqüilo. Ele achou bonito e se aproximou. Pensou. "Vou acordá-lo para brincar comigo". Fez cócegas na patinha dele. Acariciou,puxou seu bigode.. e nada. "É... esse aí não acorda mesmo.Vou embora". E seguiu a jornada. Logo adiante viu um bicho colorido, diferente, que só tinha dois pés, um monte de penas, uma coisinha vermelha sobre a cabeça , uns fincos dos lados dos pés e um grito de guerra assustador. Um tal de cocoricó estridente. "Eu,hein? Vou chegar nem perto", pensou. E voltou para casa. Chegando lá contou à mãe sobre os bichos que viu, especialmente esses dois. A mãe levou a mão à cabeça. Meu filho, meu filho. Não sabe o risco que correu. As aparências enganam. Aquele bicho espalhafatoso era um galo, totalmente inofensivo à nossa vida. Mas o tal que dormia sobre o tapete,era o gato. Nosso mais terrível inimigo”.

Eu até concordo que as aparências enganam.Tem uma expressão bem antiga muito usada que é 'lobo em pele de cordeiro'. Por isso digo sempre, não nos deixemos levar pela casca, pelas falácias, pelo externo, pelas pompas, na roupagem, porque se o lobo usa pele de cordeiro para nos enganar, então olhemos nos olhos dele, pois o olhar não mente. As aparências enganam... somente a quem não sabe olhar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SEMANA DA REFLEXÃO- O SÁBIO PEDIU SABEDORIA


( editorasalomao.com.br)
“ Em Gibeão, apareceu o Senhor a Salomão, de noite, em sonhos.Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres que eu te darei.Respondeu Salomão: De grande benevolência usaste para teu servo, Davi, meu pai, porque ele andou contigo em fidelidade e em justiça, em retidão de coração, perante a tua face.Agora, pois, ó Senhor, tu fizeste reinar teu servo, em lugar de meu pai, Davi; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me. Teu servo está no meio de teu povo que elegeste, tão numeroso que não se pode contar. Dá, pois, ao teu servo, coração compreensivo, com sabedoria e justiça, para discernir entre o bem e o mal.
Essas palavras agradaram ao Senhor, por haver Salomão pedido tal coisa. Disse-lhe Deus: Já que pediste estas coisas e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos; mas pediste entendimento para discernir o que é justo, eis que faço segundo as tuas palavras. Dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti nunca houve igual, nem depois de ti haverá. Também até o que não me pediste eu te dou, tanto riquezas como glória, que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias. “( REIS CAP 3-VERSÍCULOS 3 A 13 ).
OPINIÃO PESSOAL:
O sábio pediu mais sabedoria. Mesmo com toda sua sapiência considerou-se não mais que um menino e pediu o dom do discernimento, da justiça, da moderação, do equilíbrio na hora de ponderar entre duas partes. Normalmente tomamos decisões que agrada um lado e desagrada outro. Mas Salomão, não. Pediu uma balança justa em seu coração, e isso, só com sabedoria. Sabedoria dos grandes mestres, que ao contrário do que pensamos, ser humilde não é ser pequeno. Um amigo já me disse que a cada passo que damos rumo à humildade, estamos evoluindo, atingindo um estágio de perfeição espiritual. Humildade não é humilhação. Salomão não quis riquezas, nem longevidade. Quis o SABER. E saber está muito além de nossos diplomas, de falar idiomas, que são necessários sim, mas que nunca devem se sobrepor à sabedoria íntima, ao domínio do ego. Salomão, podia pedir o que quisesse, pois DEUS, estava muito satisfeito com a retidão de Davi, seu pai e com ele próprio, tanto que o próprio Deus na sua imensa fidelidade disse: “Pede o que quiseres”. Mas não. O sábio Salomão, do alto de sua sabedoria, mas colocando-se em posição de criatura, respeitando o Criador, pediu o quê? Mais sabedoria. E o mais importante disso tudo, é que Salomão acabou sim, sendo um homem muito rico, teve longevidade e governou por muitas gerações sendo muito querido pelos súditos e respeitado por outros reis. Não pelo poder bélico ou econômico, mas pela sua maior riqueza: a sabedoria. E tenho comigo a certeza de que até sua riqueza material aconteceu em consequência dessa riqueza íntima, porque não é fácil administrar tesouros materiais. É preciso ser sábio, para não deixar que nosso ouro nos afaste das outras pessoas. Outro dia vi um filme em que o menino diz a um velho muito rico: “Não sei pra quê tanto dinheiro se o senhor não gasta nunca?”. O menino só queria ir a um parque de diversões.

sábado, 21 de novembro de 2009

UMA SEMANA DE REFLEXÃO- FECHE OS OLHOS


Feche os olhos!
Mergulhe no abismo da escuridão, da solidão que às vezes é bemvinda.
Não fale nada...só escute o silêncio, o som do íntimo...
de dentro para fora, não de fora para dentro.
Deixe fluir qualquer coisa de seu coração, há tempos ele não fala.
Porque nunca fecha os olhos pra falar consigo mesmo.
A visão nos cega, o óbvio escraviza.
Nós mesmos preferimos assim, criamos tudo isso.
E se criamos, podemos desfazer... é só fechar os olhos.
Você consegue ouvir a folhagem das árvores... o vôo da borboleta...
percebe até os insetos.
A brisa suave acaricia seu rosto... há tempos não sentia isso.
Veja como tudo ficou calmo.
Suas antenas naturais, seus instintos estão ligados, despertos.
Sinta à sua volta todas as coisas que não percebe de olhos abertos.
Não, não tente voltar atrás para recuperá-las.
São como as ondas do mar... vem e vão... vão e vem.
Apenas se prepare para a próxima onda.
Você agora é um barco... sua bússola é o sentimento.
Puxa, como é grande o oceano!
Seria assustador se não fosse lindo.
Agora você é um pássaro... altivo, festivo, voando alto olhando os seres lá embaixo.
Perde-se no horizonte, pousa nos montes, cruza o arco-íris, bebe das fontes.
Como é grande o céu!
Seria assustador se não fosse lindo.
Agora você é uma poesia, ou uma canção, cheia de notas e rimas, abertas ou em falsetes.
Dentro de você agora há um perfeito concerto.
Puxa, como é grande a inspiração!
Seria assustadora se não fosse linda.
De olhos fechados você é tudo, pode tudo num instante.
Pode ser flor... pode ser folha ao vento.
Pode ser palhaço, pode ser Peter Pan.
Pode ser menino, pode ser gigante.
Puxa, como é grande a imaginação!
Seria assustadora se não fosse linda.
Você abre os olhos... agora é um ser comum.
Na multidão, apenas mais um
que não escuta, só grita, que não afaga, só bate
que não planta, só arranca com mão destruidora
que buzina e acelera pra lugar nenhum.
Volta à vida normal,
que seria linda...se não fosse assustadora.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- A FONTE QUE NUNCA SECA


Uma fonte deliciosamente estranha.
Quando penso que secou... ela se assanha.
Às vezes fica quieta, despretensiosa.
De repente vai à forra, jorra generosa
e me dá um banho de emoção,
regando, tornando fértil meu coração.
Quando penso que já vi tudo,
vivi por tudo, ou morri por tudo,
ela se renova, e põe à prova o que preciso dizer
do meu jeito dúbio de ser.
Cada vez que ela brota e desliza
tudo em mim se ameniza.
Mostra uma aura que me acompanha desde que nasci,
não fui quem escolhi.
E a poesia habita em mim.
Estou falando da inspiração,
da fonte que não tem fim.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- FRASES MINHAS SOBRE A POESIA



Algumas frases e pensamentos meus sobre a poesia. Algumas vocês já conhecem.
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Ele escrevia tanta poesia que um dia misturou: Era o homem fazendo poesia ou a poesia fazendo o homem?
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Já me disseram que meus olhos brilham quando falo de poesia. Gostaria muito de poder ver meus olhos nessa hora
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Não tenho muitos dons. Não sei fazer o que a maioria das pessoas sabem. Mas Deus me aliviou me dando o dom da poesia
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Quando escrevo me sinto em êxtase, em transe total.
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Me criticam por falar de poesia o tempo todo. Pior são eles que brigam o tempo todo.
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Se eu fosse Presidente por um dia? Colocaria a poesia como matéria escolar
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Dizem que “viajo” muito, como um balão no vento. De vez em quando é preciso que alguém puxe a cordinha, senão vou embora
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Me perguntam, quando, onde ou em quê me inspiro. Ora, a poesia acontece todo tempo à nossa volta
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Não sou bonit,sou impaciente, teimoso e às vezes, chato. As pessoas gostam de mim por causa da poesia. A poesia é meu charme.
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tenho dois nomes:CARLOS e POETA.É muito bom ter duas identidades
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Eis a nova versão de Gênesis: Deus no sétimo dia, vendo tudo pronto, antes de descansar, pensou:Está faltando alguma coisa... disse:Faça-se a poesia. E a poesia se fez e Deus viu que a poesia era boa e chamou aquilo tudo de paraíso.
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A poesia me deu os melhores amigos e as melhores namoradas
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Essa não é minha, eu ouvi de uma senhora de oitenta e oito anos:”Deixem que te batam, que te xinguem, que zombem, mas não deixes jamais que lhe tirem a poesia.Ela é tua essência
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Tem poesia minha espalhada por todo canto. No meu bolso, nas minhas gavetas, na minha parede. E nas paredes de muita gente. Acho bonito isso
///
Não uso muitas regras na poesia. A única regra irretocável na poesia é a da emoção
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- A POESIA ME TROUXE ATÉ AQUI


( imagem revnilsonjr.files.wordpress.com )
Toninho, professor de português, gostava de poesia e assim ficamos amigos, tanto que era normal às sexta-feiras sairmos com outros alunos a bares. Numa dessas rodadas de cerveja, ele atuou meio na contramão. Justo num dia em que fiz quase toda a sala chorar com um texto sobre as mães. Texto que nem eu mesmo tenho mais. Era meu primeiro dia das mães em quartos de pensão e consegui externar aos amigos o que sentia, mas extendendo a todos. Afinal mãe é um tema geral. Ele disse. “ Não preciso dizer que gosto do que escreve. Só que hoje você se superou. Nunca li algo tão lindo sobre as mães. Mas isso é coisa de juventude, os ânimos afloram na gente. Quando tiver seus quarenta anos isso passa, a veia poética diminui”. Discordei na boa. “Você está me subestimando. Não a minha inteligência, mas minha sensibilidade. Pode-se medir o QI de alguém, mas sensibilidade não. Você não sabe da minha relação com a poesia. Para mim é muito mais que sentar à mesa e escrever. É meu estilo de vida. Tudo que passei e que passo, tanto de bom quanto ruim, foi através da poesia que superei. Porque aprendi através da poesia e da fé, tirar proveito de todas as situações. Foi a poesia que me trouxe até aqui”. Tirei do bolso um papel e o dei. “Veja que boa coincidência. Escrevi hoje algumas frases sobre o que penso da poesia”. Lá estavam entre outras. ‘A poesia é como um outro corpo que fala por mim quando meu corpo não consegue se explicar’. ‘Se o planeta tem 2/3 de água, meu corpo tem 2/3 de poesia’. ‘70% de meu tempo são de poesia, os outros 30%, não vejo passar’. ‘A poesia é minha espada do bem, meu escudo contra os dragões desse mundo de terror’ Depois de ler e parecer impressionado, tentou mudar de assunto, mas inconscientemente não mudou, pois sem querer mexeu de novo na minha teimosia, ops... digo, essência. “Sinto você meio centralizador, um certo egoísmo, uma convicção exagerada. Em tudo que escreve, mesmo falando de temas alheios, a gente percebe o CARLOS, embutido no texto e no contexto. Isso não é perigosamente repetitivo?”. Ri. “Você é muito inteligente. Acertou. Acontece que não existe o Carlos, sem o Carlos dos textos e vice-versa. E não temo ser repetitivo, pois eu não sou apenas um Carlos, sou vários dentro de mim. Tenho uma fonte inesgotável aqui dentro de sensações e se eu não colocar pra fora, eu explodo. Só não me peça para não falar de mim, porque aí sim, eu vou parar de escrever, até mesmo antes dos quarenta. Temer o quê da poesia, que mal ela pode me fazer? Só estou tentando dizer: Eis minha impressão digital. Eu estou aqui!”.
Dezenove anos depois, sendo desses dezenove, treze sem voltar à cidade, mas nunca deixando de participar de concursos de um clube de escritores, hoje referência no estado, que vi nascer e frequentei, estava eu no Salão do Livro, que sempre que posso eu vou. Era lançamento simultâneo de coletânea que estava atrasada, de autores do estado. A premiação tinha sido no ano anterior e eu também estive, pois ficara num honroso oitavo lugar. A gente participa no Brasil inteiro, mas quer ganhar algo na cidade da gente. Enfim consegui.
Alguém tocou meu ombro. Virei-me e era Toninho, já cabelo grisalho, óculos caindo no nariz. “Você é o Carlos, não é?”. “Sou sim. Tudo bem, Toninho?”. Empolgado respondeu. “Agora melhor. Folheei uns livros aqui, vi seu nome e fiquei me perguntando se era você”.
Aproveitei para cobrar. “Sou eu mesmo. Não falei que não ia parar?”. Me abraçou de lado. “Você não sabe como fiquei feliz de saber que não parou. No dia seguinte àquela nossa conversa, passei um remorso grande, pensando que havia desestimulado um jovem. Logo eu, um professor. Meu alívio foi que alguém me falou. ‘Desestimular o Carlos? Então você não o conhece’. Fiquei com um pouco de vergonha de mim mesmo e por isso não lhe pedi desculpas. Agora estou muito contente de ver você aqui”. Tranquilizei-o. “Que nada! Não me chateio assim fácil, somos amigos. E eu também estou contente de ver você aqui. Não só o amigo, mas o professor também”. Feliz, ele disse. “Estou aposentado, mas como você eu não parei de gostar. Embora não tão intensamente como você, eu também amo esse mundo literário. Foi a poesia que me trouxe até aqui”. Levantei a mão. “Epa, essa frase é minha.”. E ele. “Sei que é. Mas ela ficou tão viva na minha memória. Gosto dela. Quando a gente não tem uma frase pede emprestado ao poeta”.
Depois me chamou para tomar algo, mas eu não podia,voltaria dirigindo.
Por isso digo que mais do que a vida me dar uma segunda chance, eu dou à ela uma segunda chance. Ela apronta comigo e anos depois, vem se redimir. Graças a Deus e à poesia por isso.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- QUANDO ACENDE O FAROL


Luzes não brilham à toa
Elas vêm coroar um momento bom
ou clarear um outro ruim
e tantas coisas acontecem
quando o farol se acende pra mim.
Quando acende o farol
iluminando mais que o sol,
revela uma identidade secreta
fazendo-me poeta
declarando o que a alma não pode guardar.
Nessa hora, eu cresço,
nessa hora apareço,
pois, é hora do espírito falar.
Quando o farol se acende
minha alma se rende
num instante gigante
retratada num papel,
nem todo mundo entende,
mas compor poesias é como estar no céu.
E é de lá que vem essa fonte ou essa luz
seja lá qual for o nome
que nunca se consome,
que me conduz,
fazendo-me um homem eterno
em poesias que vão ficar
provando que a morte leva,
mas não pode nos apagar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- MUITO PRAZER, MEU NOME É POESIA


( imagem deltacat.blogs.sapo.pt )
Olá você, que acabou de nascer.
Muito prazer, meu nome é poesia.
Um Ser superior mandou seguir você.
A partir de agora, em quase todo seu tempo
vou estar com você... por todos os dias
Não se importe se alguém criticar,
muita gente vai gostar.
Nesta união que se instaura
vou ser sua segunda pele, sua aura
seu encanto, seu manto, seu véu.
Seja qual for a cor do céu, nevoento ou azul
vou cobrir você de norte a sul.
A partir de agora, sou seu som, seu dom, seu tom.
Na euforia, na tristeza e no medo.... vou ser seu enredo.
Vou estar na sua cama, na mulher que ama.
Vou ser a sua chama!
Estarei no seu silêncio, no seu grito, nos trejeitos.
Pincelando seus defeitos, realçando sua beleza.
Vou ser a sua força... e sua pureza.
Vou ser seu mistério e sua clareza
Vim para ser sua ponte, sua fonte, sua rede.
Vim ser o seu nome, sua fome, sua sede.
Vou ser o seu escudo e sua espada.
E quando pensar que não tem mais nada...
Sorria! É novo dia!
Você terá a poesia.

sábado, 14 de novembro de 2009

SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- EU TENHO UMA ÁRVORE

Olá amigos e amigas. Vocês já fazem parte do meu dia a dia. Essa vai ser uma semana de declaração de amor à poesia. Vou começar com: EU TENHO UMA ÁRVORE

Eu tenho uma árvore que cuida de mim.
Debaixo dessa sombra, nada me assombra.
Seus galhos são os braços que me envolvem,
me absolvem de qualquer coisa ruim.
As folhas são os amigos que fiz
Que me leem, que me veem, que me creem
e isso me faz feliz.
Tantos frutos tirei.
Amor só quero um,
mas que seja além do comum.
Nesse tronco namorar, um coração desenhar.
Desilusões, podei.
Emoções colhi aos cachos,
quanto mais eu colho, mais eu acho.
Que ela cresça, floresça no dia a dia.
O nome de minha árvore...
é poesia.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

FALANDO ÀS NUVENS


( imagem vale1.clique.com)
Nuvens mudam de lugar,
desenham figuras estranhas,
às vezes lindas montanhas,
outras, nem sei explicar.
Algumas assustam, outras se ajustam ao meu olhar.
Como uma criança, me encanto...e fico a pensar:
Por que as nuvens mudam tanto?
Talvez não gostem de ficar no mesmo lugar.
Meu coração também é uma nuvem inconstante
que muda a todo instante.
Às vezes, carneirinho, às vezes,um leão.
Às vezes, tempestade.
Às vezes, de algodão.
Algumas vezes tão passageira que mal faz sombra,
em outras, assombra
com um poderoso trovão.
Revela tantas faces que também não sei explicar.
Sim, meu coração é mesmo uma nuvem.
A diferença é que ele é fácil de tocar.

UMA SEMANA MUSICAL- LA BAMBA - QUANDO O ROCK FAZ CHORAR


(imagem wikipedia )
Meados dos anos 50. Juventude transviada. Lambretas e brilhantina. Elvis era o grande nome. O branco que cantava com voz de negro, diziam. Imbatível. Era a época do rockabilly. Mas o rock ganharia outro personagem além de Elvis, Little Richard, Bill Halley. Richard Valenzuela, descendente de mexicanos, jovem sonhador como tantos influenciados pelo grande Elvis. Ritchie vivia tendo pesadelos. Seu irmão mais velho dizia que era falta de mulher, que devia sair mais e largar a guitarra que não saía de suas costas. Uma noite o levou a uma zona boêmia onde viu um grupo mexicano cantando LA BAMBA da forma folclórica, tradicional. Ele disse ao irmão que olhava as mulheres: “Eles estão cantando essa música de maneira errada”. O irmão ficou bravo: “O quê? Um tanto de mulher aqui e você está ouvindo esses caras cantarem?”. Pois depois ele imprimiu um ritmo rock na música que estourou rapidamente nas paradas. Estourou ainda outros sucessos como COME ON LET’S GO, que fez 60 exaustivas tentativas num estúdio, até conseguir dar um ritmo e uma entonação final na música. Mas isso não era nada para o jovem abnegado. E ainda “DONNA”, canção que apresentou à namorada proibida, rica, pelo telefone público. “Ouça o que fiz pra você”. Pelo telefone porque os pais dela não aceitavam o namoro. Rock era meio coisa de bandido .Elvis era considerado pornográfico com seus movimentos de cintura. DONNA, foi segundo lugar nas paradas, ficando atrás apenas de ninguém nada menos que o rei do rock. O próprio Elvis se interessava e procurava informações e notícias sobre o novo cantor.
Diante do empresário ele não quis alterar seu sobrenome em respeito à família, mas acabou aceitando e passou a se chamar: Ritchie Valens. Um nome mais sonoro, mais roqueiro.
Nos pesadelos que tinha, sonhava sempre morrendo de avião. O sonho repetitivo parecia premonição... e era. Com o estrondoso sucesso, os shows aumentaram e a partir daí só mesmo de avião.
Certa noite de muita neve, num avião que só cabiam 4 pessoas, sendo o piloto e mais 3, eram em total de 5, portanto haveria um sorteio para decidir quem iria de carro. Estranhamente, já que ele tinha medo, poderia optar por ir de carro, porém entrou no sorteio... e ficou entre os que voariam.
No dia seguinte, a notícia no rádio de que o avião que transportava a banda do jovem cantor Ritchie Valens, havia caído sem sobreviventes, chocou o país. Uma carreira promissora, mas curta. Artistas da época nomearam aquele 3 de fevereiro de 1959, como o “ dia em que a música morreu”.
Uma bela e triste história de rock’n roll.

Eu conhecia parte da história, mas me baseei também no filme LA BAMBA que assisti algumas vezes, um dos melhores que já vi.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

UMA SEMANA MUSICAL- O MONSTRO MÍDIA


( imagem de MOZART- google )
O tema não é musical, mas fala de arte.
Algumas das funções e obrigações da tv, segundo a constituição são: informar, entreter, divulgar, educar, fomentar bens sociais, promover cultura, imparcialidade, etc. Já disse em vários textos que a ditadura tem muitas faces e sou repetitivo de propósito, pois existe entre elas, a ditadura do “MONSTRO MÍDIA”. Há uns vinte anos, vi uma entrevista de Oswaldo Montenegro, respondendo sobre sua música não ser comercial. Disse mais ou menos assim. “Não é comercial porque alguém lá em cima fica definindo para o povo , o que é e o que não é comercial. Não é como uma prateleira de supermercado, onde você escolhe o que quer para comprar e comer. Precisa engolir o que eles lhe dão”. Glauber Rocha, disse nos anos 70, que os anos 90 seriam os anos da idiotice. Acho que acertou. Aguentar as tardes de domingo na tv brasileira, está difícil. É concurso de piadas, de dancinha das crianças, dancinha de artistas, de mágicos, de paródia, etc. E quando pegam um certo ritmo musical ou determinada dupla para fazer sucesso, é pior. Pode trocar de canal que eles estão lá. Já ouvi à boca miúda, que tem gente que paga não, só para tocar sua música, mas também para não tocar de algum outro artista que esteja despontando. Olha a ditadura musical aí. Por isso Chacrinha é o que é até hoje, imbatível. Era um programa democrático, todo mundo cantava lá. Todo artista se sente meio apadrinhado pelo Velho Guerreiro. Há uns dois anos, vi Raul Gil, que tem um programa manjadíssimo, mas até mantém algum sucesso, face às poucas boas opções que temos, falando sobre jabá em seu programa. Pelo menos foi honesto. Mais ou menos assim. “ Claro que cobro jabá porque televisão não é de graça.Tem todo um aparato por trás que eu preciso bancar. E mais... o artista vem aqui, de repente se projeta e sai ganhando milhões e as gravadoras mais ainda. E desafio qualquer apresentador, seja Gugu, Faustão e das tv’s fechadas a dizerem que não cobram jabá.”. Bem, ainda sobre o domingo, às vezes temos que ver o jogo de outro estado na tv, porque a tv que pagou, manda e pronto. Ditadura até no futebol. Deixando o domingo, há poucos meses tivemos acidente com Felipe Massa . O povo inteiro, inclusive eu, rezou, orou, fez corrente, torceu para que o piloto se saísse dessa. Quando saiu a boa notícia, a esposa chamou a rede Globo para agradecer à população pelas orações. Agora monopolizam até minhas emoções? Não seria mais bonito convocar uma entrevista coletiva para isso? Na semana, convivemos com as novelas. Agora eu apanho. Novela vê quem quer, eu não sou noveleiro, apesar de já ter visto algumas como Tieta, Rei do gado... e Salvador da pátria. Que estória linda entre o boia fria (Sassá Mutema) e a professorinha! Só que no geral, os temas são os mesmos. O cara namora uma menina, transam até metade da novela e depois descobrem que são irmãos. Ohhh! Comoção nacional. Mas aí para não cair na mesmice de baixa audiência, nos últimos capítulos, descobrem que não são mesmo irmãos e se casam e são felizes para sempre. Afora isso, sempre que a audiência está baixa, colocam uma cena quente de sexo, um encontro fatal e bate nos 80 pontos. Alías, gostaria de saber mais a fundo esse negócio de medição de audiência. E por aí vai ,desrespeitando religiões e família. Mas repito, vê quem quer. Voltando ao início, os programas de auditório promovem concursos e disputas citadas acima. Por que não um grande concurso de poesias a nível nacional no Domingão do Faustão? Ou no Gugu? Ou na Band? Ou na Record? E aí o ganhador passaria no horário nobre,.daria entrevista no jornal e teria seu livro lançado para todo o país. Talvez a resposta seja simples: “Porque não dá dinheiro”. Não concordo. Primeiro que poesia não é pra dar dinheiro. E isso é fácil, existe a Lei de Incentivo à Cultura, é dedutível de imposto de renda. Se pensam assim, então senhores Gugu’s e Faustões, vocês que são, embora sem nossa autorização os porta-vozes do povo , não venham debater violência na tv. Não venham dizer que o povo não sabe votar, que o povo é alienado, porque vocês tem o canal na mão e a falta de cultura é um dos ingredientes para a violência no país. E para não terminar este texto assim de forma tão pessimista, conto duas lindas declarações de amor à arte. Numa madrugadassem sono, comecei a ver um filme cujo cenário era início da segunda guerra. Lógico, Hitler eram o monstro a ser batido. O sargento dava instruções à tropa, com aqueles brados de guerra, que os soldados vão respondendo. Um desses brados era: “EU ODEIO MOZART” ( que era austríaco como Hitler). Um dos soldados não gritou, o sargento percebeu e aproximou-se aos berros. “Você está surdo, soldado?”. E ele. “Não senhor, senhor”. O sargento. “E por que não respondeu com a tropa, soldado?” . “Por que eu não odeio Mozart, senhor”. E por que não odeia Mozart, soldado?”. E o soldado respondeu agora com voz amena. “Por que Mozart é um gênio, senhor. E os gênios precisam ser respeitados”. E a outra, vi um grande ator de teatro respondendo, se após cinquenta anos de carreira, ele ainda sente um friozinho na barriga, antes de entrar pro palco e ele disse. “Claro que sim. Para mim todo dia é uma estreia. Quando eu não sentir mais isso, posso encerrar a carreira e morrer”. É isso que me alegra.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

UMA SEMANA MUSICAL- 30 ANOS DE MÚSICA- DE GONZAGÃO A RENATO RUSSO




( imagens google )
Acho que a melhor fase da música, tanto nacional quanto internacional foi dos anos 60 a 80. No Brasil nos anos 60 e 70, tempos difíceis, escuros, de renúncia e suicídio de presidentes, golpes militares, ditadura e opressão. O poeta escreve melhor sob pressão. Daí o surgimento de tantos bons cantores brasileiros e o interessante, de estilos muito diferentes. Nos anos 60, a Jovem Guarda com seus rocks inocentes seguia bem a linha Beatles. Não dá para falar mal da Jovem guarda, foi um tempo legal sim. Não vivi, era muito criança, mas me lembro de muita coisa. Comecei a gostar de música a partir dali.
Meados dos anos 60, época dos festivais, onde surgiriam grandes nomes. Quase 70, a guerra do Vietnam corria solta. Jovens americanos em protesto à guerra, saíam de suas casas, viviam como mendigos para serem dispensados do serviço militar, dando assim origem ao movimento hyppie. Era o movimento PAZ E AMOR, ganhando o mundo. Início dos 70, surge Secos&Molhados, de figurino estranho à época. Ney Matogrosso de rosto pintado a la Alice Cooper, porém rebolante, dava um show com ROSA DE HIROSHIMA, poema musicado, lindo, de Vinícius. Não demorou e Raul Seixas, com figurino igualmente estranho à época, fazia sua carreata OURO DE TOLO, pelas ruas de São Paulo, arrastando dezenas de pessoas. Acabava de pousar a Mosca na Sopa da música brasileira, que misturava o início da fase romântica de Roberto Carlos, com Tropicália, Fagner, Belchior, Tim Maia (Barry White brasileiro). Vinculam nome de Raul somente ao rock, isso até o incomodava, pois tem canções lentas belíssimas. Seu protesto nem era tão político, era mais social. De cada um tirar de dentro de si, o melhor. Sem essa gincana da vida, de que “ minha antena parabólica é melhor que a sua”, “ meu carro corre mais que o seu”. Pedia atitudes às pessoas e não alienação. Que vissem as coisas espirituais. Eta a ideia de uma "Sociedade Alternativa" no ar. Raul seixas soube misturar baião e rock, filosofia e música. Protesto com poesia. Raul foi o tapa na cara da hipocrisia brasileira que apresentava um “ belo quadro social”. Dizia que Gonzagão e Elvis eram iguais. E eu não podia deixar de falar de Gonzagão. Da mesma forma que penso que todas as vertentes do rock vieram pós Elvis, me arrisco dizer que vários estilos musicais brasileiros vieram de Gonzagão. Baião, xaxado, lambada, forró, até mesmo esse tal de axé. Alguns ritmos evidentemente já existiam, mas foi com o Velho Lua, que ganharam notoriedade. O próprio Gonzaguinha dizia que o pai era melhor que ele. Ninguém cantou melhor que Luís Gonzaga, a saga do agreste nordestino. E ele fazia isso, a gente percebe, com melancolia e humor, sentimentos típicos daquele povo. Gonzagão era gênio. Os anos 70 foram duros para juventude brasileira. Gil cantava “amigos presos, amigos sumindo assim pra nunca mais..”, numa clara alusão aos exílios e sumiços de artistas, impostos pela ditadura. Chico cantava “ apesar de você amanha há de ser outro dia”, na esperança de que “o estandarte do sanatório geral”, ia passar.
Início de 80, foi feita a abertura, acabou a ditadura militar Raul Seixas parecia passar o bastão à turma que chegava: “eu já ultrapassei a barreira do som, fiz o que pude às vezes fora do tom, mas a semente que ajudei a plantar já nasceu... eu vou me embora apostando em vocês. No testamento deixo minha lucidez, vocês vão ter um mundo bem melhor que o meu. Quando algum profeta vier lhe contar que o nosso sol está prestes a se apagar, vocês ainda têm a velocidade da luz pra alcançar”. Havia e ainda há uma outra ditadura, a ditadura musical que fica definindo para o povo o que é e o que não é comercial. Falarei disso no texto seguinte. No underground, bandas como “Aborto Elétrico”, “Paralamas”, “Asdrúbal trouxe o trombone” (num misto de música e teatro)”, iniciavam nova fase do rock brasileiro. Uma espécie de nova jovem guarda... só que com mais conteúdo. Fazendo o rock alegre, surgiram Blitz, Ritchie, Leo Jaime Kid Abelha, etc. De protesto, não muitos. “Camisa de Vênus”, “Heróis da Resistência” e alguns mais. Todo grande movimento musical tem seus líderes, embora nem sempre queiram isso. Essa coisa de liderança acontece naturalmente. Quando o artista olha pra trás, vê um monte de jovens esperando que ele diga as coisas para eles. Um desses líderes de toda uma geração era Cazuza. Grande poeta, grande letrista. Não era um grande cantor, acho que era meio “exagerado”, como ele mesmo dizia. Rasgava a voz demais, mas nas letras era muito bom. Não gosto de ficar citando músicas para não cometer injustiça com o próprio artista quando este tem uma grande obra, mas minha preferida dele é “Codinome Beija-flor”. Acho um poema lindo. “Exagerado”, também gosto muito, porque tem a ver comigo, quando diz: “Só um pouquinho de proteção a um maior abandonado”. Bem ao meu estilo, não? Porém, inconfundível era Renato Russo que colocou com toda ternura, o amor no rock. Tinha também seus protestos, como “Que país é esse?” , mas seu grande tom, seu grande fervor, calor, era o amor, cantado com pureza, mas sem deixar de doer na gente. Todo roqueiro antes de Renato Russo, tinha cara de mau, mas Renato tinha olhos tristes, parecia pedir colo o tempo todo. Era um ídolo solitário, gostava ( ou não?) de autoexílio. Não andava beijando a mão da mídia , o grande líder não precisa muito disso.O recado estava dado nas ruas e foi virando uma verdadeira Legião Urbana, onde tudo se resumia em: “amar as pessoas como se não houvesse amanhã ”. Dizem que os ídolos se perdem, são confusos, controvertidos. Será que não é por que olham em volta e parece às vezes que o recado foi inútil? Não por partes dos fãs, mas de quem comanda, domina e toma decisões, gente que pode mudar as coisas. E assim se deprimem, se exilam, sei lá e morrem cedo. Só sei que são pessoas à frente deseu tempo compreendidos ou não. Prefiro o que um amigo me diz. Que os grandes ídolos vêm à terra, dão sua mensagem e vão embora. Quem pegou, pegou. E não posso deixar de citar minha preferida do Legião Urbana: “Tempo perdido”.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UMA SEMANA MUSICAL- CÁLICE OU CALE-SE?


(calangra.blogspot.com/google)
Sem dúvida, Chico Buarque é um dos maiores intelectuais do Brasil., embora não tenha nem um disco dele. Gosto mais de ler as composições do que ouvi-lo. Não vivi muito a ditadura, vivi o restinho dela. Embora pequeno, me lembro dos rapazes e até meus irmãos correndo da temida ‘toyota’ da polícia, só porque passavam das dez horas na rua. Se juntasse um grupinho de três ou quatro, a polícia dava logo um jeito de espalhar.
Chico foi o campeão de músicas proibidas. Atento para uma em especial dele em parceria com Gil: “Cálice”, que lembra a passagem da Bíblia, onde Jesus pede, que fosse feita a vontade do Pai, mas se possível que afastasse dele aquele cálice. Imagino que falava das dores que sofreria previstas nas profecias. Afinal, um Deus também sente dor. Porém, Cristo sabia que tudo aquilo era necessário para a sequência do projeto do Pai para a humanidade... e humildemente sucumbiu por nós. O cálice que Chico fala é um outro cálice de dor, de imposição, de maldade, de “amigos presos, amigos sumindo assim pra nunca mais”, como cantava Gil. O cálice de Deus, era necessário, era para o bem de toda a humanidade, mas e o cálice da ditadura? Para o bem de quem? Só de quem mandava. Mas será que Chico pedia, “afaste de mim esse cálice”, ou “ afaste de mim “esse cale-se”?. É aí que entra o intelecto do compositor, pois a letra em si, apesar de sugerir alguma rebeldia, não oferece muito perigo ao governo, ou não desperta tanta atenção, pois acabou passando pela peneira da censura, por causa de uma disfarçada conotação religiosa. A diferença era quando ele cantava. Com raiva e grande ênfase à palavra cálice no final da frase, que sonoramente parecia alguém dando uma ordem: CALE-SE. Verbo mais usado durante a ditadura. Mostrei esses detalhes ao amigo Marcelo, que disse: “Só mesmo sendo um poeta para captar essas coisas, Carlos. Jamais eu veria isso e agora concordo com você. E olha que sou fãzaço do Chico”
Tive experiência curiosa em 1984. Estávamos eu e amigos, tocando violão sentados no meio-fio.Cantávamos “Pra não dizer que não falei de flores”, música que levou o autor Vandré à prisão, e por ironia, quase quinze anos depois virou um hino das DIRETAS JÁ. No Brasil, hipocrisia pouca é bobagem. Espero que pelo menos tenham lhe pagado pelas direitos autorais. Dois policiais fardados chegaram. Um falou do alto da arrogância que a farda lhe permitia e imputava. “Não pode cantar essa música. É proibida”. Concordo que exagerei quando respondi. “Desculpe, mas o senhor está mal informado. A música foi liberada, a censura acabou”. Em tom imperativo, falou. “Mas eu estou dizendo que não pode”. Ironizei. “Toca Balão mágico aí, Zé”. Vi que ficou com raiva. “Está conversando demais, rapazinho”. Vendo que podia piorar para mim, consertei. “Desculpa. Só quis mostrar pro senhor que a gente está só cantando, divertindo. Mas essa pode?”. E comecei a cantar Cálice. Ele concordou. “Essa pode”. E foram embora. Comentei com os amigos que a ditadura oficial havia acabado, mas ela ainda estava dentro dele, impregnada. Ele não havia conseguido se livrar dela. No fundo quando nos repreendeu, ele não havia se doído pela sua própria pessoa, mas sim pelo par de roupas que lhe ensinaram a defender.Pelo jeito,Vandré não foi o único a sofrer lavagem cerebral. Gostaria muito que ele tivesse se doído sim, na segunda música que diz trechos de profunda revolta humana contra a mordaça do silêncio como, “Como beber dessa bebida amarga tragar a dor, engolir a labuta, mesmo calada a boca, resta o peito...”. “Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano..”. Mostraria que ele havia evoluído, porque essas coisas são ruins para todo mundo, até para ele, que também é povo.

Esclarecendo: 1) Sou a favor da democracia com ordem. No Brasil confundem democracia com bagunça.
2) Tenho 3 irmãos policiais( um morreu) e tenho amigos policiais. Não falei das pessoas ou mesmo da profissão que respeito, mas sim do poder de domínio das forças inteligentes que comandam. O poder é muito inteligente. Aliás, está cheio de ditaduras por aí, em outras modalidades.

domingo, 8 de novembro de 2009

PLANO B


( imagem google)
Quando tudo está dando errado ,o que a gente faz? Usa o PLANO B

Novos tempos.
Novas ondas.
Novos ventos.
Um novo jeito de olhar, de caminhar
De falar às pessoas de coisas boas.
De ser, de ver, de cuidar... de querer
Está na hora de usar o plano B.
Virar a esquina sem medo
porque do outro lado vai estar o amigo... ou o amor.
Ninguém é pequeno ou gigante.
Os pequenos girassóis e as montanhas têm o mesmo valor.
Mas tudo isso precisa sair de dentro da gente,
não de fora para o interior.
O incrédulo vai crer.
Até o pior cego vai ver
que está tudo ao nosso alcance.
O suicida vai pular...
pular de alegria ao ver a chance
da primavera que a nova era vai nos dar.
Mais fertilidade, mais igualdade
porque elos separados não têm utilidade.
Duas mãos se unem numa mesma oração
Preto e branco no piano fazem uma canção.
Na mesma balança, direitos seus e meus.
Um pouco mais de luz.
Um pouco mais de Deus.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A POESIA CONSPIRA POR MIM


(imagem planetaeducação.com.br)

Cecília Meireles. Uma de minhas maiores influências. Ainda não consegui fazer um texto para ela. Como a admiro! Reparem e me respondam se ela tem ou não tem olhos de poeta? Além de ser muito linda.
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Tem coisas que só acontecem comigo. Fiz este texto no dia 13 de outubro, pós feriado e pensei se devia ou não postar. Mas relendo achei bem engraçadinho. E eu estou novamente de bom humor.Graças a Deus! Segue o texto.
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Quando digo que as coisas conspiram para que a poesia aconteça à minha volta, sei que algumas pessoas não acreditam, mas é a pura verdade. Estive passeando neste feriado e como sempre tentei ver alguns amigos e parentes. Amigos, vi poucos, alías não sendo mesmo da família, só vi um: Zé. Figuraça. É a pessoa que conheço que mais tem carisma, presença de espírito e um boa aura. O engraçado é que ele fala de mim mais ou menos a mesma coisa. Fui à sua casa, domingo logo cedo. Menos de dez minutos, espontaneamente, foi buscar seu violão e um suco gostoso que a esposa, também minha amiga, fez com tanto esmero. Suco mesmo viu, gente? Toca e canta bem. Me disse uma frase linda: “Estou feliz porque estou cantando para um poeta. Porque cantar para um poeta é certeza de ser compreendido”. A esposa emendou. “Estou renovada de ter reencontrado o Carlos”. Não sou hipócrita de dizer que meu ego (meu ego da forma doce), não vai às alturas. Eu gosto sim de ser afagado dessa forma, tanto nas ruas como em casa, porque me conhecem e entendem esse meu lado. Acho que sou uma das poucas pessoas que pode dizer isso, sem ser confundido com arrogante. Todos têm muito carinho e atenção para comigo e entram na minha brincadeira. Essa foi a primeira parte do ‘grande encontro’, Carlos e Zé. Falamos, claro, de poesia, de música, de esoterismo, misticismo, filosofia, literatura, de Bíblia, e até recordamos uma música feita por nós. Nossos raros encontros sempre são assim. Recitei algumas de minhas poesias ao som do violão. Sua esposa também recitou uma linda de Fernando Pessoa. Quando me despedia, perguntou para aonde eu estaria indo, falei que ia para um churrasco e comer frango com quiabo e angu. E arrisquei. “Por que você não vai lá?”. Pegou papel e caneta. “Não garanto, pois combinei algo com meus irmãos, mas quem sabe apareço por lá. Passe o endereço”. Eu devia ter imaginado, conhecendo-o, que se pegou endereço, ele apareceria. Não deu outra. Chegou com violão, partituras e tudo mais e assim passamos um lindo domingo musical no meio de um monte de gente. Do outro lado da cidade, alguém reclamava minha ausência. Era parte de minha família, que estava num sítio, mas eu já estivera com eles em Vitória, há uns dias. Eles entenderiam e eu passaria na segunda-feira por lá, como realmente fiz. Já na segunda (12) fui à casa de uma de minhas irmãs que ainda não tinha ido para o sítio. Vejam o endereço dela: Rua Cecília Meireles. Perguntei a um senhor onde ficava a rua e ele respondeu. “Você pega Carlos Gomes, passa a castro Alves, Adoniran Barbosa, depois Lamartine Babo, depois Noel Rosa, Lupiscínio Rodrigues, aí você entra à direita na Vinícius de Moraes, sobe e desce e vai dar de cara com a Cecília Meireles.” Falei. “Gostei dessa: dar de cara com Cecília Meireles”. Meu sonho de menino, conhecer Cecília Meireles, só que ela já tinha morrido, dizia a professora. E emendei brincando. “Que bairro poético, hein? Só tem fera”. Ele entendeu e riu. “É, rapaz. Só gente importante”. Realmente, o bairro só tem nomes de grandes poetas . Achei lindo isso. O pessoal que domingo estava no sítio, foi para a casa de minha outra outra irmã, não longe dali. Fomos para lá. Olhem o nome da rua. Rua Pixinguinha. As ruas vizinhas, Mário Lago e Aluísio Azevedo. Eu poderia ter passado um final de semana mais poético?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

PASSARINHO APRENDIZ


( imagem 2bp.blogspot.com)
Passarinho altivo
bichinho atrevido
que voa por onde quer nesse imenso azul
que rasga o céu de norte a sul
que transpõe o arco-íris com vontade
sem se importar com o pote de ouro
pois, busca o verdadeiro tesouro...
a certeza da liberdade.
Você que conhece horizontes,
que contempla os montes,
que beija flores
que conhece a natureza e seus sabores
sabe dos riscos, mas tem coragem
e segue viagem.
Ensine-me a ser passarinho
mostre o caminho ao meu coração
ainda que eu voe sozinho,
ensine-me como se faz um verão.
Se tesouras e atiradeiras são perigosas,
mais perigoso é ficar no chão.
Palavras também cortam asas
jogam sonhos ao chão
doem mais que a pedra no peito,
então não vejo outro jeito...
leve-me a uma outra ilusão.